gesto humanitário

Pacientes com Covid, vindos de Manaus, chegarão nesta terça-feira a Santa Maria

Marcelo Martins e Natália Müller Poll

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

O Rio Grande do Sul será, nesta terça, o destino para quase quatro dezenas de pacientes com coronavírus. Serão, ao todo, 36 vindos de Manaus, capital do Amazonas. Deste total, são aguardados, ao menos, 18 deles para Santa Maria. A outra metade, conforme anúncio do governo do Estado, será levada para Canoas e para Porto Alegre. A articulação para a vinda desses pacientes foi feita a partir de um pedido do Ministério da Saúde e se iniciou, ainda no mês passado, quando o governador, Eduardo Leite (PSDB), havia dito publicamente que o Piratini auxiliaria o Estado do Amazonas em decorrência do colapso na saúde desde que correram, pelo país, as cenas de pacientes com Covid-19 morrendo por falta de leitos e de  oxigênio nos hospitais.

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À época, Leite havia se disponibilizado a receber 50 pacientes - todos clínicos (diagnosticados com Covid) - de Porto Velho, capital de Rondônia. Como esse número não foi atingido, o Estado gaúcho destinou esforços a auxiliar Manaus. Segundo o Estado, "o pedido de transferência de pacientes de Manaus, encaminhado pelo Ministério da Saúde, foi aceito pela Secretaria da Saúde, com aval do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems)."

Desta forma, Santa Maria entrou neste esforço humanitário coletivo para o maior Estado do norte do país. Segundo o secretário de Saúde do município, Guilherme Ribas, essa "foi uma decisão de Estado compartilhada e aceita por Santa Maria". Questionado pela reportagem quanto a um eventual risco que a vinda desses pacientes poderia trazer para o município, como aumento das internações e nova cepa da doença, Ribas afirma que os protocolos estão sendo seguidos à risca:
- Temos estrutura e equipes preparadas para, justamente, minimizar eventuais riscos. Há todo um processo de estruturação, com segurança e eficiência a estes pacientes que virão para cá. Sem dizer que é uma questão humanitária e de salvar vidas. Estamos trabalhando para que exista o menor impacto para pacientes e funcionários.

ARGUMENTO
O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) sustenta que a decisão do Estado é meritória pelo simples fato de focar em um pilar: salvar a vida de brasileiros. Quanto às críticas que surgiram nas redes sociais ao governo municipal, pela vinda de pacientes de Manaus para Santa Maria, ele diz não se importar. Com quase duas centenas de mortes pela pandemia, na cidade, e com mais de 15 mil casos confirmados, o chefe do Executivo lembra que o município já tem quase 14,3 mil pessoas curadas.

Ele ainda acrescenta que o processo de vacinação, já iniciado, evidencia que o poder público sempre manteve os esforços no combate à pandemia.
- Tenho um entendimento que, esse momento, é um só: de termos capacidade de realizarmos um gesto humanitário e solidário. Se a preocupação é, por exemplo, com a questão das bandeiras (em referência ao modelo de distanciamento), isso não impactará em nada.

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A escolha por Santa Maria, acrescenta o prefeito, ocorreu porque o município tem duas características que ajudaram nesse processo:
- A situação do nosso município é ligeiramente razoável quanto aos leitos. E, sem dizer, que temos estrutura da Base Aérea e do aeroporto, que nos dão a possibilidade de realizar a vinda desses pacientes com celeridade.

Segundo o secretário de Saúde, Guilherme Ribas, a logística está preparada para receber os pacientes. Segundo ele, já estão asseguradas 18 ambulâncias das redes pública e privada  Para fazer o transporte dos doentes tão logo eles cheguem a Santa Maria. Conforme ele, as ambulâncias são do município, planos de saúde particulares, Exército e da Aeronáutica. A  tendência é que esses pacientes tenham como referência os dois principais hospitais da cidade: o Regional e o Husm.

A escolha observou, segundo Ribas, o fato de ambos serem de alta complexidade:
- A tendência é que eles sejam levados para o Regional. Mas pode ser que alguns também sejam encaminhados ao Husm.

Segundo a direção do Husm, o hospital não tem condições de receber mais doentes com Covid porque está superlotado. Porém, segue como suporte para o Regional com exames e cirurgias. Ontem, no Hospital Regional, dos 40 leitos clínicos, 21 estavam ocupados, e dos 30 de UTI Covid, 24 eram usados. No Husm, das 29 UTIs, 23 estavam ocupadas.

Os motivos da escolha da cidade
O colapso no setor da saúde em Manaus comoveu o país e gerou movimentação além das redes sociais. O Rio Grande do Sul despontou nos esforços de disponibilizar leitos e, agora, pela segunda vez, receberá pacientes de fora do Estado, 18 deles com destino a Santa Maria.

O diretor de Regulação Estadual, Eduardo Elsade, alega que a escolha por Santa Maria, se deu em função da estrutura hospitalar que o município tem:
- Já encaminhamos pacientes para a Capital, na primeira leva de transferências, e agora estão previstos mais 18 para Porto Alegre. Como Santa Maria possui um hospital federal e um estadual, que são referência em internações Covid, foi uma opção óbvia para o Estado.

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Sobre a situação dos pacientes, o diretor de regulação explica que todos eles estão com a doença ativa - ou seja, são transmissíveis -, por isso a transferência será feita com todos os  cuidados necessários.
- Em caso de piora do quadro de saúde durante o transporte, é possível que o paciente precise ser transferido para um leito de UTI, mas a princípio, esses 18 pacientes são destinados a leitos clínicos - diz Elsade.

A infectologista Jane Costa não acredita que o transporte desses pacientes vá agravar a situação da Covid em Santa Maria:
- Não é isso que vai trazer mais possibilidade de contágio na nossa cidade. São as aglomerações que seguem acontecendo, que pode piorar tudo. Além disso, é uma questão humanitária.

Todos os pacientes serão internados em uma enfermaria isolada no Hospital Regional, testados e terão suporte do Husm em casos de agravamento.

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